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Quem é ela? quem é ela?

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Bem   vindas  e  Bem   vindos . Eu sou Amanda.     Comecei a viajar aos 24 anos (estou com 31). Minha primeira experiência internacional foi para Cuba, onde estudei Cinema. De lá para cá não parei mais. Minha "especialidade" é a América Latina, tema que, inclusive, me gerou uma dissertação de mestrado.   Minhas viagens já foram com roteiros fechados e muito  bem  arquitetados, mas, hoje, eu priorizo as viagens "slow", porque, para mim, é mais importante ficar mais tempo em um só lugar do que pouco tempo em diversos lugares. Nesse percurso de viajar, navegar, se deslocar... . também aprendi que a viagem é muito mais do que um deslocamento geográfico; ela é uma transformação subjetiva; o que me lembra muito a experiência de uma psicanálise; ou assistir a um filme que muda sua vida; ou uma fotografia que bate no seu peito como se fosse um soco. Meu ofício é contar histórias, sejam as minhas ou de outras pessoas. Acredito que as (boas) histórias, co

#FotoComLegenda: Quando algo do instante é capturado

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Crédito: Amanda Cotrim Foto com legenda: Cuba. 2012. Essa foto representa aquilo que mais captura meu olhar: a ousadia. O registro de um instante de espontaneidade. Esse menino, hoje, no ano de 2019, deve estar um lindo muchacho.

Uma dose: O que sustenta seu sonho?

Estou recebendo em minha casa um amigo de infância. Começamos a fazer teatro juntos. Eu com 14 anos e ele com 12 anos. Ele continuou, sem pausa. Eu parei muitas vezes. Os dois queriam muito, mas eu acho que no final ele quis mais. Eu quis, mas quis outras coisas também, e isso me fez sair do foco. Conversando com ele, uma das razões- penso- de eu “sair do foco”, foi a minha incerteza quanto às questões financeiras. Ator vivia “duro”, e a ideia de instabilidade econômica me fazia pensar “como eu ia viver de Teatro”. Nessa vibe, acabei buscando (ou sendo buscada) outras coisas para “sustentar” meu teatro, mas o que de fato aconteceu, foi que eu me afastei do teatro e fui “sustentada” por outras paixões. Não vou te dizer que adianta apenas querer para conseguir alguma coisa, conquistar um objetivo, mas esse meu amigo, que está muito bem sucedido sendo ator de teatro em São Paulo, me fez pensar que quando há desejo em causa, há uma certeza: vai rolar. Vai rolar porque você bus

Uma dose: Diferença entre análise e auto-ajuda:

O rapaz sofre porque quando ele bebe, ele se excede. Isso (se exceder) causa-lhe horror de si. Diz que ...quando consegue beber moderadamente, ou quando recusa a bebida, se sente poderoso, disposto, satisfeito. O drama da sua vida é porque há algo que acontece e ele bebe. Sua angústia mora nesse "não saber" o que (lhe) acontece, fazendo-o se perder e "se encontrar" diante de um copo de bebida alcoólica.  Uma análise se preocuparia em saber “o que é esse algo que (lhe) acontece". E para produzir um saber sobre isso, uma análise possibilita que as perguntas mobilizadoras sejam diferentes. E o que diria a auto-ajuda?  Que esse rapaz precisa ter metas claras e planejamento para conquistar seu objetivo: parar de beber. Ainda iria sugerir que, na hora que desse vontade de beber, ele pudesse trocar a bebida por uma corrida. Eficiente? Pode ser. Eficaz? Não.  Antes de dizermos o que é preciso fazer para...talvez pudêssemos (nos) perguntar ao rapaz

Uma dose: Qual é a minha responsabilidade naquilo que (me) acontece?

Qual é a minha responsabilidade naquilo que me acontece? Qual é a sua responsabilidade naquilo que lhe acontece? Fazer essa questão não é simples, mas é um ato ético, no limite. As nossas dores e nos nossos prazeres  também dizem respeito a nós. Infelizmente, na maioria das vezes, terceirizamos essa responsabilidade. E ao terceirizar, fantasiamos um pouco. Só que na fantasia a gente não precisa encarar o real. Esse real que aparece as vezes como RESTO daquilo que não foi possível ser simbolizado, que não foi possível ser verbalizado. “A nossa amizade acabou porque ela me traiu”.  😲🤨🧐 Quando não nos implicamos naquilo que nos acontece, nos tornamos fugitivos dessa experiência e experimentação que é a vida. Não estou dizendo que fugir não seja doloroso. Até porque, para fugir, a gente quase sempre produz rejeição. Rejeitar, transformar em lixo... faz com que o “abandono” seja mais cômodo. Não quero dizer que fugir seja necessariamente algo fácil, no entanto, é o mais

Uma dose: Cinismo de nosso tempo

Não vivemos uma nova ideologia e nem uma pós-ideologia. A ideologia (uma hipótese) está funcionando como sempre, a questão é que ela se apresenta de outras formas. O cinismo parece ser o funcionamento disso que chamamos ideologia, isto é, aquilo que tem sua estrutura na linguagem e por isso se materializa nos discursos. Para que haja discurso é necessário que haja sujeito, e para que haja sujeito, como categoria analítica, é preciso considerar a ideologia, essa operação na qual a língua e a história estão em movimento. Na Antiguidade, o cinismo tinha a ver com a posição-subjetiva-discursiva do sujeito. De forma bem resumida, o cínico, como um cético, não estava preocupado com os argumentos utilizados pelos poderosos, mesmo sabendo sobre esses argumentos. O cinismo na Grécia funcionava como um trabalho de ousadia, que produzia certa resistência. Mas a linguagem não é algo assim tão evidente, tão formatada, estática, e o cinismo também pode ser um funcionamento bem poderoso para o

Uma dose: Por que a gente procura uma análise?

Cada um vai por um motivo, ou varios   Eu fui levada para análise por algumas razões: a transformação da minha imagem com o processo de emagrecimento, a relação com a comida, os pensamentos obsessivos, a necessidade de buscar um diagnóstico...  Além delas, a ideia, frágil, de que eu saberia de mim, que eu ouviria um saber diferenciado que me colocaria acima de qualquer sintoma. Como muitos, fui pra análise como eu ia para a terapia ou pra consulta com o médico: fui atrás de um saber sobre mim que estaria alocado naquele sujeito, no caso o analista.  Uma vez minha analista, num excelente manejo, me chacoalhou: “você está atrás de um diagnóstico!”.  Aquele corte foi profundo e absolutamente delicado, ao mesmo tempo.  Numa análise a gente descobre que não há autoconhecimento, ou seja, não existe a ideia de que você fará análise para se conhecer melhor. Numa análise você dá de cara com os limites, ou seja, com o desconhecimento. Aquelas fantasias toda que você criou s